Congresso Brasileiro de Microbiologia 2023 | Resumo: 841-1 | ||||
Resumo:A shigelose é reconhecida pela Organização Mundial de Saúde como um dos principais problemas em saúde pública. Seu agente etiológico,Shigella sp. é responsável por doenças diarréicas , em nível mundial, sendo reconhecidas quatro espécies: S. sonnei, S. flexneri, S. dysenteriae e S. boydii. A maior prevalência se dá nos países em desenvolvimento, onde a ocorrência de surtos engloba principalmente crianças com menos de cinco anos e idosos como os casos de maior gravidade. Sua transmissão usualmente é através de água e alimentos contaminados e seus manipuladores. No Brasil, sua casuística é desconhecida, sendo a amostragem de cepas recebidas pelo LRNEB/ LABENT/IOC reduzida, a qual gera preocupação tendo em vista atualmente a elevada resistência aos antimicrobianos. Tal fato indica a necessidade de conscientização sobre a relevância da caracterização etiológica, tendo em vista que as atividades efetivadas pelo LABENT representam uma complementação de ensaios que visam ofertar subsídios para ações de prevenção e controle da doença. Na avaliação realizada ao longo dos últimos seis anos, as duas espécies que aparecem são: S. sonnei (n.61) e S. flexneri (n.31), perfazendo o total de 92 cepas identificadas. S. sonnei é a espécie prevalente, sendo a região sudeste onde mais se identificou a predominância deste microrganismo. O constante aparecimento de cepas com o perfil de multirresistência durante esses anos, associados aos fatores de virulência apresentados pelo gênero reforça a importância de um monitoramento contínuo no território nacional. Ainda assim, existe o fato das cepas resistentes em diversas regiões, sendo S. flexneri no Norte e Nordeste e S. sonnei no Sudeste e Sul. O teste de suscetibilidade aos antimicrobianos foi realizado frente a 11 fármacos representativos das classes dos beta-lactâmicos, fenicóis, tetraciclinas, aminoglicosídeos, quinolonas, antifolatos e nitrofuranos, seguindo os critérios do CLSI (atualizado anualmente). Ao longo de seis anos, as cepas estudadas no LABENT foram predominantemente resistentes aos antibióticos. Nos anos de 2017 e 2018 as drogas STR, SXT, AMP, TCY foram os índices mais altos destes anos, no ano de 2019 e 2020 foi muito fraco pois a pandemia de COVID atrapalhou e foi pouco o conteúdo avaliado neste período. Nos anos de 2021 e 2022 voltou a predominância de STR, STX, AMP, TCY e CHL. Em relação a técnica de PCR (Polymerase Chain Reaction), o gene ipaH foi confirmado em todas as cepas estudadas. A shigelose continua sendo em enorme e crescente problema de saúde pública não estando restrito ao Brasil. Seu impacto é global, pois ainda não se consegue controlar de forma adequada, não existindo muitas formas de prevenção, valendo ressaltar que essa doença também está ligada com aspectos socioeconômicos e culturais. Há escassez na qualidade de água e esgoto fornecido as populações Norte e Nordeste, faltam também políticas culturais que visam a educação em saúde e melhoria nas redes de atenção pública de saneamento, que poderiam reduzir drasticamente a sua ocorrência. No computo geral, a análise dos seis anos foi positiva para se ter uma idéia de controle da resistência das espécies e para monitoramento das cepas que circulam no Brasil. Mas enfatizando devido a Pandemia do COVID19 em todo o mundo e no Brasil os anos de 2020 e 2021, o número de cepas recebidas no LABENT foi reduzido não tivemos assim os dados suficientes para esses anos. Palavras-chave: Shigella spp, Resistencia Bacteriana, Gene ipaH, Evolução Agência de fomento:Fundação Oswaldo Cruz |